Rota Botânica

Município de Castanheira de Pera

Ulmeiro

Ulmus glabra pendula

Conhecida entre nós como “Avelaneira-brava”, “Negrilho”, “Olmo”, “Ulmeiro-das-folhas-lisas”, entre outras. É Nativa da Europa, norte de África e sudoeste da Ásia.

Trata-se de uma árvore de folha caduca, de copa ovoide, arredondada ou algo irregular, podendo atingir os 20 m de altura e, não raramente, os 30 m. Cresce rapidamente, podendo chegar aos 600-800 anos de idade. Rebenta facilmente de touça e apresenta casca cinzenta, fissurada. As suas folhas, simples, ovadas, alternas, podem medir entre os 8,5 e os 12 cm de comprimento por 6 cm de largura; são pontiagudas de margem dentada ou serrada, com uma base assimétrica característica do género. As inflorescências são cimos (tipo de inflorescência que lembra um glomérulo e que termina numa flor) densos, compostas por flores rosa-purpúreas que produzem frutos (sâmaras) orbiculares a ovados com 20×17 mm e que apresentam a semente no seu terço superior.

É uma espécie de meia-luz que prefere os solos profundos, férteis e que suporta solos siliciosos e calcários. Ocorre junto a linhas de água, fundos de vales e em bosques mistos, podendo chegar até aos 1700 m de altitude. Tolerante à exposição marítima e resistente à poluição. Floresce entre fevereiro e março; os frutos amadurecem entre abril e maio.  O sistema radicular é caracterizado por uma raiz principal e por raízes laterais fortes e muito superficiais.

A madeira “dura, mas fácil de trabalhar”, é moldável depois de molhada; era usada sobretudo na construção e mobiliário, nomeadamente soalhos, mesas, cadeiras, carroças, carruagens, entre outros; pelas suas características (resistente à humidade, resistência, densidade, etc.) aplica-se no fabrico de vagões, barcos, construção especial (escadas, estacas para consolidar alicerces, etc.), entre outros. A lenha do ulmeiro é um ótimo combustível.

A casca, de onde se extraíam farinhas, é usada no tratamento de diarreias, enterites e de eczemas, dermatoses escamosas e pruridos. As folhas, colhidas no final do verão, eram usadas para alimentar o gado (especialmente ruminantes e suínos) e na alimentação humana, na forma de sopas e de saladas.

A espécie tem estado em declínio constante um pouco por todo o mundo devido a uma doença fúngica conhecida por grafiose do ulmeiro (fungo ceratocystis ulmi), a qual tem dizimado muitas populações naturais.

Na mitologia, os ulmeiros encontram-se relacionados com a morte ou com a administração da justiça ou ambos; foram os gregos que nos deram conta dos primeiros registos escritos sobre a espécie.

Na Grécia Antiga os ulmeiros estavam relacionados com o cultivo das vinhas, servindo-lhes de tutores. Ao longo do tempo foram adquirindo outros valores simbólicos, considerando-se que eram plantados por ninfas, filhas de Zeus, conferindo-lhe o valor de uma espécie sagrada.

Tal como para os gregos, para os antigos ingleses, suíços e alemães, o ulmeiro estava ligado à morte e passagem para outra vida e ainda hoje a sua madeira é usada na construção de caixões. Na mitologia nórdica, sobretudo germânica, a mulher tinha origem no ulmeiro e o homem no freixo. Pelo contrário, na região do Mediterrâneo, o ulmeiro apresentava-se como uma figura de masculinidade, ligada ao vinho e à dignidade.

Os romanos pensavam que os ulmeiros tinham capacidades de adivinhação, dado que estimulavam os sonhos. Na Idade Média, juntamente com o carvalho, foi-lhe dado um novo significado: debaixo da sua copa administrava-se a justiça, costume que se alargou a Portugal, dada a imponência da árvore.

Video

Video Rota Botânica

Município de Castanheira de Pera

Ulmeiro